ACORDAR DIFERENTE…
Quando era pequena de noite muitas vezes passeava pela casa de olhos fechados, tentava perceber as dificuldades que uma pessoa invisual sentia… Não sentia isso como uma brincadeira, mas como um teste de memória e orientação que considerava muito interessante.
Por vezes, tinha também um sonho em que acordava e não conseguir mexer-me… Acordava em pânico e com uma respiração ofegante.
Penso que sempre tive uma necessidade enorme de tentar colocar-me no lugar do outro, do outro que não vê, que não houve, que não sente, que não fala, que tem dores, que está doente, enfim, DO OUTRO!
Talvez por isso, decidi ser enfermeira. Porque sabia que podia fazer este exercício, essencial à profissão de enfermagem.
Um jovem de 30 anos, saudável, desportista, um dia tem um acidente de automóvel ficando tetraplégico, após alguns meses de cuidados intensivos, vem para o serviço onde trabalho. É um jovem adulto bem-humorado, calmo e muito observador e um dia surpreende-me com uma simples frase:
_ Sabe enfermeira, sinto que o que me aconteceu, foi a melhor experiência que tive na vida!
Ainda hoje estou a tentar digerir esta frase.
Grilaria
Há uma semana
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